Rastreado pelo “gaydar”
Fonte: Revista época
Como funcionam os aplicativos que transformam o celular em um detector de gays capaz de informar a localização exata de possíveis parceiros
Carlos Giffoni
DIRETO AO PONTO
Rafael Bianchini usa o aplicativo Grindr, que permite trocar mensagem e localizar gays que estejam nas proximidades
Rafael Bianchini usa o aplicativo Grindr, que permite trocar mensagem e localizar gays que estejam nas proximidades
Diz a lenda que um gay é capaz de identificar outro a quilômetros de distância. Para isso, basta seguir seu “gaydar”, expressão que significa “radar para gays” e costuma ser usada para identificar a capacidade de uma pessoa em apontar se outra é ou não homossexual. Evidentemente, o “gaydar” não tem nada de científico. Ele se baseia apenas em impressões. Pois isso está mudando. Nos últimos meses, uma onda de aplicativos para iPhone, iPad e iPod touch passou a oferecer acesso a redes sociais gays usando a ferramenta que faltava para o gaydar definitivo: o GPS. Mas como o sistema de geoposicionamento via satélite ajuda a localizar os gays que estão nas redondezas?
Primeiro, é preciso se cadastrar na rede social destinada a quem é gay, bissexual, ou, no mínimo, curioso. A rede exibe as informações básicas de cada usuário, com nome, foto, idade, medidas e uma breve descrição pessoal. Uma vez que o usuário é cadastrado, seu celular passa a fornecer os dados sobre sua localização, em tempo real, para outros membros da rede. A informação é obtida pelo GPS do celular e fica disponível para todos os usuários. O dispositivo até apita! O sinal sonoro serve para avisar que chegou uma mensagem. Se a foto do remetente despertar o interesse, o passo seguinte é iniciar uma conversa. Dependendo do apetite sexual de ambos, é possível que acordem juntos no dia seguinte.
É claro que nem todo encontro que começa com apito no celular precisa ir até as últimas consequências. Algumas amizades também podem surgir. Os perfis são organizados a partir da pessoa que está mais perto até o mais distante. Nos chats (salas de bate-papo que funcionam dentro do aplicativo), é possível trocar fotos com privacidade. O Purpll permite entrar em salas com temas específicos, como “jovens” e “travestis”. O Qrushr tem uma versão só para lésbicas – sem grande adesão. Os aplicativos podem ser baixados gratuitamente, embora alguns tenham versões pagas. O de maior sucesso é o Grindr, que acaba de lançar sua versão também para BlackBerry. Unanimidade entre os gays, ele foi lançado em março de 2009 e baixado por 1,3 milhão de pessoas em 180 países, incluindo Albânia, Quirguistão, Cuba e até o Irã, onde, segundo o presidente, Mahmoud Ahmadinejad, não existem gays. Nos Estados Unidos, recordista em usuários, eles já são quase 600 mil.
No Brasil, o alcance ainda é pequeno: pouco mais de 13 mil usuários estão cadastrados – quase a metade na cidade de São Paulo. “Ele é ótimo porque você pode ir para qualquer grande cidade do mundo e encontrar gays locais sem dificuldade”, diz Joel Simkhai, criador do aplicativo. “Todas as pessoas têm conexões perdidas, como o cara que vive em seu prédio e você nunca conheceu.” É aí que os gaydares como o Grindr encurtam o caminho.
O economista Rafael Bianchini, de 28 anos, conheceu uma dezena de pessoas em menos de três meses usando o Grindr. Embora afirme que procurar sexo não seja sua prioridade, Bianchini sabe quais são as intenções das pessoas com quem conversa: “Estou ali para encontrar as pessoas, e não para fazer amigos”. Para Diego Bernadinelli, analista de sistemas, o aplicativo foi ainda mais útil: “Não há gays nos lugares que frequento”. Em cinco meses, ele saiu com 15 pessoas e mantém contato com pelo menos dez.
Por enquanto, o público homossexual masculino domina os aplicativos. “Os homens são mais abertos a conhecer parceiros on-line e sempre foram os primeiros a abraçar as oportunidades que as novas tecnologias trazem na busca de relacionamentos”, diz Simkhai. O criador do Grindr afirma que uma versão para o público heterossexual está sendo desenvolvida. “Nosso desafio é disponibilizá-lo para todos os públicos: homens, mulheres, heterossexuais ou gays, em qualquer lugar do mundo”, afirma. Gabriela Damasceno é lésbica, tem o Qrushr Girls e diz que o aplicativo ajuda mais a fazer amigas do que a encontrar parceiras. “Os homens vão mais atrás de sexo do que a mulher. Nós buscamos conhecer a pessoa.”
Seja por meio do Grindr, do Purpll, do Qrushr, o público gay não perde tempo. Então, cuidado: se por acaso essa for sua opção sexual e você prefere manter-se no anonimato, você pode estar sendo rastreado pelo GPS gay.
Amigues, ainda bem que isso não vem com alarme! Senão ele ia disparar enlouqueceeeedamente toda que eu fosse no bar do Marquinhos, no Pistolinha, no MamaZap e em outros lougares friendlys desta planície!
Bem, eu ainda sou do tempo em que essas coisas a gente identifica só por aquela pinta básica… mas enfim, é a modernidade, os novos tempos!
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