26 de fev. de 2011

Pastor Presbiteriano dos EUA contesta leituras simplistas da homossexualidade no texto bíblico.

Pastor

O Reverendo Steve Brown é pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Greeley, no Colorado, EUA.
Tomei a liberdade de traduzir seu texto, bastante preciso e conciso, acerca da questão da homossexualidade na Bíblia. O texto original está no site do Jornal The Tribune.
Seu texto faz uma leitura bastante séria e lúcida acerca das suspostas leituras bíblicas sobre a homossexualidade.
A Igreja Presbiteriana, assim como a igreja Anglicana, não discriminam ou condenam a homossexualidade, com bons argumentos teológicos para tanto.
O problema no Brasil é que a onda “Neo-pentescostal” autoriza qualquer um, sem nenhum estudo, sem nenhuma base, a interpretar a bíblia no trecho que melhor lhe convier, abstraindo o contexto bíblico e o contexto histórico. Agem por “inspiração divina”, “profetizam”, e quanto maior o escândalo e estardalhaço que fazem, mais confirmam para seu grupo a “autênticidade” da fé que “sentem”. Como isso, fazem da Bíblia o que bem quiserem fazer, sob as mais diversas denominações religiosas. E do outro lado, o catolicismo, com sua hierarquia, fica preso à dogmas que, à toda evidência, estão ultrapassados.
Então, peço desculpas por eventuais equívocos na tradução do texto do Reverendo Steve Brown, mas fui até onde meu inglês me permitiu.

Os argumentos bíblicos sobre a homossexualidade não são claros. 
O primeiro problema em discutir a questão da homossexualidade à luz da Bíblia diz respeito à linguagem e a história. “Homossexualidade” não é uma palavra que conste da Bíblia. A expressão “homossexualidade” surgiu de traduções do alemão para o inglês em meados de 1892. Qualquer estudioso do novo testamento pode notar que não existe uma expressão equivalente para “homossexual” em grego ou em hebraico. Homofobia é outra palavra nova, cunhada em 1972 cujo significado se refere ao sentimento de medo e ódio dos homossexuais.
Há uma palavra em grego “malakos” que se refere a  roupas delicadas ou femininas, como em Matheus 11:8 quando Jesus pergunta, “O que você vai ver? Alguém vestido em roupas finas? Veja que aqueles que vestem roupas finas estão em palácios reais”. Uma segunda definição de “malakos” é usada para definir garotos afeminados ou homens que não pertencem a si mesmos e se deixam usar sexualmente por outros homens.
Em Coríntios 6:9 e em 1 Timóteo 1:10, a palavra grega “arsenkoites” é traduzida como “sodomitas”, dependendo da tradução bíblica que é utilizada. Aqui há uma dificuldade em saber como interpretar o que esta expressão realmente significa. Por que? Por que é a primeira vez que esta expressão foi usada em grego ou em hebraico, o que faz com que estudiosos da bíblia digam que aparentemente o apóstolo Paulo misturou duas palavras para formar a expressão “arsenkoites”. Enquanto em grego  “arsen” significa “macho”, e “koites” significa “koites” significa “cama”, mas não é válido lingüisticamente dizer que a nova palavra significa homens fazendo sexo com homens.
Outro problema é que grupos contrários aos homossexuais usualmente apelam para leis naturais ou para afirmações sobre a natureza humana que são aceitas no meio religioso. Assim, o Rev. Jerry Falwell apareceu no programa “Conheça a Imprensa”, alguns anos atrás, comparando comportamento humano com o comportamento animal. Assim, ele dizia que era natural entre os animais que machos tivessem relações com fêmeas. Logo, apenas seria natural que homens se relacionassem com mulheres.
Entretanto, isto mudou quanto o Biólogo Bruce Bagemihl documentou relações homossexuais em 450 espécies do mundo animal. E seu comportamento incluía não apenas atividades sexuais, mas também o cortejar e atividades familiares.
Uma consideração adicional sobre os milhares de versos escritos em hebraico e nas escrituras cristãs, há pelo menos oito textos que compõe o que alguns pensam ser uma visão sobre  a homossexualidade, nenhum destes textos é sobre Jesus, nem inclui nenhuma de suas palavra, por que ele nunca falou sobre a homossexualidade.
O tão falado pecado de Sodoma e Gomorra, em Gênesis 19:1-29 não é sobre homossexualidade. É sobre violência sexual contra homens e mulheres, brutalidade contra pessoas (e anjos?) que a comunidade deveria proteger e sobre a falta de hospitalidade. E a passagem de romanos 1:26-27, outra passagem chave do Genesis, precisa ser interpretada no contexto do Capítulo 1 em que Paulo enumera questões que dizem respeito não a homossexualidade, mas a idolatria.
Desde que nossa cultura se distanciou no tempo daquilo que Jesus ou Paulo disseram não é legítimo pegarmos uma palavra ou frase na Bíblia e batermos o martelo esperando que  tudo se resolva com o discurso de autoridade de que “ Deus disse isso, E acredito, é o que está dito”. Este tipo de argumento triunfalista é sempre lançado contra a comunidade de gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais de várias formas. É necessário parar com isso, por todos os séculos, que a comunidade GLBT viveu com o preconceito, a ridicularização, o ódio, a crueldade, ameaças, bulling e assassinatos.
Não podemos usar visões culturais dos primeiros séculos e aplica-las ás nossas afirmações atuais ou vice-versa. Robin Scroggs, professor do Novo Testamento no seminário teológico da união em Nova York, resume seus estudos bíblicos sobre homossexualidade em uma única sentença: “Julgamentos bíblicos sobre a homossexualidade não são relevantes para o debate atual”. Devemos lembrar também, que a bíblia é um produto de uma sociedade patriarcal e vê a sexualidade humana à luz da dominação masculina.


7 comentários:

  1. Um em milhões, fala sério todos sabemos que a Biblia condena, isto é pretexto para que vcs fiquem com a consciencia mais leve.
    Nãp podem conatr a Biblia, tentam se juntar a ela, deploravél...

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  2. Olá Carlos, tudo bem?

    Obrigado pelo comentário “cristão”... Não tenho dúvida de que esse espírito de humildade, de tolerância, de respeito ao próximo e a opinião alheia deve ser o que você bem aprendeu na Igreja que freqüenta, ou deve freqüentar.

    Sabe, eu tive uma professora de religião,no Liceu, D. Vilma, que pensava exatamente como você, ele dizia que gays deveriam se suicidar. Um conselho realmente muito cristão.

    Muitos gays também não gostam quando neste blog eu faço comentários sobre religião, preferem tratar esse assunto como algo desimportante, algo a ser desprezado, por certo em retorno ao todo desprezo que recebem das mais diversas demonizações, ops, digo, denominações religiosas.

    Mas ainda assim eu considero importante, não que eu me considere evangélico, ou católico – embora tenha me formado religiosamente no catolicismo, chegando a dar aulas de catolicismo.

    Por muito tempo tentei lutar contra o que eu sentia, até mesmo de formas agressivas, sabe. Quando eu me sentia excitado eu rezava, e se não desse certo segurava o pênis estrangulando-o até a excitação parar.

    Mas tanta coisa aconteceu em minha vida, e o tempo vai mudando nossas convicções. Perdi minha família e por muito tempo achei que “Deus” – se é que existia – tinha se esquecido de mim. Nesse momento me permiti a viver, namorei, praticamente casei, conheci muita gente legal, honesta, digna, generosa, humilde, levando à sério à máxima de que “consideramos justa toda forma de amor”.

    Por outro lado, passei a achar que o ateísmo não era resposta para nada. Não que eu busque em “Deus” respostas, mas ele me ajuda a pensar que não sou assim tão dono do meu destino e que preciso ter humildade diante do mundo e do próximo que, nada mais são expressões desse “Deus” cuja vontade nunca nos é plenamente revelada.

    Não levo muita fé nas religiões. Religiões, instituições humanas que são, movem-se por paixões e desejos tão humanos quanto seus integrantes. Embora considere que religiões conduzidas com responsabioidade possam levar o ser humano desenvolvimento sadio da espiritualidade. Embora isto se torne cada vez raro
    O que prevalece não é a interioração, a reflexão, mas o show midiático, a busca de sensações... nesse ponto não há muita diferença entre diversos cultos e jogos de futebol, por exemplo.

    Mas, ainda assim, acredito na religiosidade, na relação com o transcendente, com aquilo que a razão a ciência não irão nos responder, e essencialmente na aceitação da finitude da vida.

    Você menciona que este pastor é apenas um em um milhão. Mas será que argumento “numérico” conta? Quando Cristo foi crucificado, quantos no meio da multidão discordaram? Aliás, não será o próprio cristo alguém que ousou discordar da multidão?

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  3. (continuando)
    Por outro lado, o pastor que citei não é exatamente “um em um milhão”. A Igreja anglicana chega a ordenar sacerdotes gays, e a presbiteriana caminha á passos largos em direção a um direção a um discurso inclusivo. Isto, apenas no âmbito das religiões cristãs, se buscarmos junto ás religiões orientais, tais como o budismos, são muitos os exemplos de não condenação da homossexualidade.

    Note, as religiões não condenam a homossexualidade, isto não significa que não condenem o abuso sexual, a promiscuidade, a idolatria do corpo, a violência e etc.
    Aliás, na bastasse a existência de comportamentos, e mesmo de “famílias” homossexuais na natureza, a própria ciência reconhece que longe de ser parte das vontades das escolhas do sujeito, as inclinações homossexuais são fruto de respostas biológicas, em que o corpo, a mente, os hormônios, inclinam o sujeito para parceiros do mesmo sexo.
    Não é determinismo biológico, são inclinações, o desenvolvimento disso vai depender do contrapeso que fatores sociais ou culturais possam fazer aos fatores biológicos.

    Mas uma coisa é certa, homossexualidade não é voluntária, não é uma escolha, não é uma opção, não é “safadeza”... Ou como hoje diria a Lady Gaga, “God do no mistakes/ I’m the right track baby/ I was Born this way”.
    Não reivindico aqui que as igrejas, sejam elas quais forem passem a aceitar gays.

    Apenas aponto para o fato de que, enquanto algumas discriminam, outras avançam. É claro que este processo não é fácil, como podem as igrejas, que afirma ser porta-vozes da vontade de Deus, reconhecer que erraram, Admitir que erraram significa admitir que não foram “porta-vozes” de Deus, e isto lhes tiraria um status que não querem perder.

    Então é mais fácil fechar os olhos para a realidade. È mais fácil negar que a homossexualidade seja algo que existe na natureza,. Aliás, esta natureza, obra tão sábia e diversa, tem na diversidade sua principal fonte de sobrevivência e transformação.

    As igrejas, instituições humanas que são, podem continuar a interpretar como quiserem, fazendo das palavras aquilo que melhor lhes aprouver.
    Aliás, na história sempre foi assim. A religião, o cristianismo, seus dogmans foram usados para justificar todo tipo de opressão. Justificaram a escravidão, a opressão dos monarcas absolutistas, a opressão contra a mulher... enfim... e levou tempo para que a as Igrejas reconsiderassem suas palavras.

    Minha esperança é a de que, para além das palavras, possamos viver o espírito: de
    solidariedade, de compreensão, de respeito à diferença e de humildade, que é condição, sina qua non, para todos os demais.

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  4. EU RESPEITO TODOS E TODAS AS RELIGIÕES, SEITAS, DOGMAS..., BEM EU NO MEU HUMILDE COMENTÁRIO, ACREDITO PIAMENTE COM TODA MINHA FÉ, QUE JESUS CRISTO É VERDADEIRAMENTE O FILHO DE DEUS, E MORREU NA CRUZ PARA QUE TODOS QUE NELE CREREM, SEJAM PERDOADOS TODOS SEUS PECADOS, E SEJAM SALVOS, PARA VIDA ETERNA, PARA TERMINAR, QUERO DEIXAR UMA FRASE, DO MEU REI, " EU SOU A LUZ DO MUNDO ", QUE ME DESCULPEM QUEM NÃO CRÊ.

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  6. Nossa! Já ví interpretações da bíblia tendenciosas, mergulhadas num abstratismo conceitual covarde, frutos, certamente de um coração e entendimento falso a cerca do que é cristianismo. Mas confesso que essa interpretação do dito "Reverendo"(se foi exatemente o que falou, claro), é uma das piores.

    Não fico surpreso, pelo contrário, espero por esse tipo de interpretação e outras ainda piores, pois a prória bíblia nos adverte sobre esse tipo de "profeta", que sempre existiu e agora é que vai existir mesmo (quem lê entenda).

    Meus amados, se não querem acreditar no que está escrito nas escrituras, como ela é, é opção e DIREITO SEU, mas não queira fazer ela dizer o que não diz, pois isso seria um abuso a inteligência dos mais simples, semelhante ao que a Igreja Romana fez/faz com seus dogmas politicamente forjados.

    Um termo não da sentido a um texto, mas seu contexto explica o termo na sua totalidade. Dizer que Paulo não fala de relações homossexuais (condenando-as) em Romaos cap1, chega a ser risório, ainda mais quando se conhece em detalhes todas as suas cartas. Não deve ser por acaso que logo no início ele adverte: "...antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
    Romanos 1:21" Falando, claro, TAMBÉM, da idolatria, porém mais adiante das relações homossexuais, como está escrito:

    "E, semelhantemente, (porque antes fala também da mulher) também os homens, DEIXANDO O USO --NATURAL-- da mulher, se inflamaram em sua SENSUALIDADE uns para com os outros, HOMENS COM HOMENS, cometendo TORPEZA e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu ERRO.

    E, como eles NÃO SE IMPORTARAM de ter conhecimento de Deus, ASSIM (ou seja, mediante uma causa) Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
    Romanos 1:27-28"

    Nossa! Precisa de algo mais claro que isso? Tem, e muito, mas não vem ao caso, certo?

    Porém eu entendo que é mais fácil tomar essa interpretação condenativa como algo retrógrado, patético e manipulador, pois seu pensamento é contra as pessoas que de forma ignorante fazem da bíblia e de Deus instrumentos de opressão ideológica e política. Porém quero dizer que Jesus não pregou isso e as pessoa que fazem assim estão ERRADAS, por isso que o mesmo Paulo noz adverte "...Olhai para o autor e consumador de nossa fé" Jesus, pois Ele é o modelo de conduta e moral, e nosso desafio é seguí-lo, seguir a Jesus, e não aos homens ou religião. O duro é saber que Jesus foi/É o messias profetizado pela bíblica hebraica, confirmando sua autenticidade inspiradora, e que o Novo Testamento é a consequência de seus ensinamentos aos discípulos. Chato né? Mas lembra que você tem a opção de não acreditar? Então fique a vontate, ignore os fatos, é simples.

    Quanto a homossexualidade animal, estou escrevendo algo sobre isso e espero publicar no meu blog brevemente, mostrando o equívoco na forma de compreender esta conduta entre os animais, principalmente ao se comparar com o ser humano, seja nas relações heterossexuais ou homossexuais.

    No mais, lamento a chatice de certos "crentes", responsáveis por tanta aversão ao amor de Cristo, que não exclui o homossexual ou quem seja, MUITO PELO CONTRÁRIO, mas que, assim como a mim e a todos, chama ao reconhecimento dos nossos erros e convida a ter uma vida com Ele. Se você está disposto ou não a ter essa vida meu querido, aí é outro assunto, o qual gostaria de tratar pessoalmente, mas infelizmente não posso, quem sabe um dia...

    Abraço e paz.
    http://vitrine2009.blogspot.com

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  7. Onde está meu comentário anterior, não mereceu aprovação? Nossa!

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