13 de jun. de 2010

Beeesha também é cultura !

Dica Bafo da semana !!!
Aquenda que vc quer fazer a Phyna e  intelectualizada para aquele bofe que você conheceu domingo no banheiro da Stylus em Travessão ! Então, leia esse livro e arrasoux !  

O livro fala sobre Sexo, sexualidade, relações de poder (não necessariamente sado-maso, então nem se engraça, viu fia) na cultura local!
Valeu Fê (autora da resenha) http://www.fmanha.com.br/blogs/ocrueocozido/?p=273

Gênero, poder e tradição na Goitacá

livro
Li e recomendo o livro “Gênero, poder e tradição na terra do coronel e do lobisomem”, organizado pela historiadora Marinete dos Santos Silva a partir de textos produzidos por seus orientandos de pós-graduação. O livro, publicado em 2009 com apoio da FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), reúne, em quatro artigos, leituras absolutamente intrigantes sobre vida, história e reprodução social em Campos dos Goytacazes. Nas pesquisas, assuntos tabus como a formação da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade) e a participação feminina na instituição, a homofobia verificada na justiça e na mídia quanto ao assassinato de um médico e de um padre, a perspectiva machista dos conciliadores do Juizado Especial Criminal e, finalmente, o esmiuçamento do cotidiano de mulheres da comunidade do Matadouro frente à realidade ameaçadora do HIV em relação ao poder masculino são abordados com expressivo talento, tanto do ponto de vista teórico, quanto metodológico.
Escreve a historiadora na justificativa da organização e publicação da obra: “Campos dos Goytacazes é uma cidade bastante peculiar. Assentada tradicionalmente na agricultura canavieira, viveu seu período áureo em fins do século XIX e nas três primeiras décadas de século XX. Atualmente, vive uma fase de decadência dessa atividade com usinas envelhecidas e de baixa produtividade. O petróleo veio dar um novo alento à economia local. Entretanto, não foi suficiente para reverter o quadro de graves dificuldades que incluem um índice de desenvolvimento humano extremamente baixo, equivalente ao de várias localidades do Nordeste brasileiro. Tal quadro é emoldurado por um enorme conservadorismo que caracteriza os segmentos sociais mais bem aquinhoados. A descoberta recente de casos de trabalho escravo nas fazendas ligadas ao cultivo da cana, a existência da igreja católica tradicionalista e do grupo católico Tradição, Família e Propriedade dá a exata dimensão daquilo que estamos afirmando. Nesse microcosmo tão especial, nossos olhos se voltaram para questões consideradas bastante incômodas. Falar da homossexualidade e da homofobia, da Aids, do espancamento de mulheres e da participação feminina na TFP nos pareceu bastante oportuno”.         
A referência à obra “O coronel e o lobisomem”, romance do campista José Cândido de Carvalho, lançado em 1964, no livro organizado, indica que a cidade passa por transformações, mas guarda em suas permanências históricas a trajetória do coronel Ponciano de Azeredo Furtado: um homem ligado ao mundo rural, autoritário e patriarcal, que acaba enlouquecendo por sua inadequação ao ambiente urbano, ao tempo de novos costumes e a estruturação de uma outra política. São o conservadorismo e a tradição, literariamente essencializados na figura dessa personagem, que os pesquisadores buscaram identificar em suas pesquisas, sobretudo nas relações de poder quanto à construção do gênero, isto é, o significado social que se dá ao biológico, já que classificações como homem, mulher e homossexual são categorias culturalmente apre(e)ndidas.
A leitura vale como um exercício de aprendizado e autorreflexão, pois confronta pensamentos e situações familiares, permitindo o esvaziamento crítico do senso comum. Não raro, ouso comentários negativos a respeito do comportamento dos campistas. E quem comenta sempre tenta justificar o atraso da cidade a partir de referências como o fato da escravidão ter perdurado por muito tempo, mesmo depois da abolição. A verdade é que a história de Campos merecia ser mais estudada e debatida, seja com a reedição de um Alberto Lamego ou de um José do Patrocínio, seja com a qualificação de professores da rede pública de ensino. Se por um lado, a escravidão demorou a se esvair por aqui (e parece que suas raízes ainda estão vivas sob os canaviais), por outro, Campos foi a primeira cidade da América Latina a receber iluminação pública elétrica. É preciso pensar nessas dualidades e discuti-las, como, sem medo e sem provincianismo, fizeram os autores do citado livro.

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